Retratos da obra: em ensaios fotográficos e breves perfis, Floripa Airport homenageia trabalhadores da obra do novo terminal

Retratos da obra: em ensaios fotográficos e breves perfis, Floripa Airport homenageia trabalhadores da obra do novo terminal

03 abr 2019

Os suíços estão construindo um novo aeroporto. Na Ilha, convencionou-se falar assim sobre a obra do novo terminal de passageiros do Aeroporto Internacional de Florianópolis. A afirmação, óbvio, não está errada. Mas há outros milhares de construtores desta grandiosa infraestrutura, impulsionadora de desenvolvimento econômico e turístico da capital catarinense.

São 2,5 mil pessoas, a maioria delas nascidas no Nordeste do Brasil, que no período de 15 de janeiro de 2018 a 30 de setembro de 2019, estão envolvidas na construção, trabalhando diariamente - algumas de segunda a sábado - em diferentes atividades. Do ajudante geral manezinho, nascido na Tapera, ao mestre de toda a obra, que um dia já foi servente de pedreiro, todos carregarão para sempre a relevância histórica de ter erguido o novo terminal de passageiros do Aeroporto Internacional de Florianópolis. Considerado por muitos o acontecimento mais importante da década para o Estado catarinense, o novo terminal será operada por 30 anos pela Floripa Airport, subsidiária do grupo suíço Zurich Airport.  A inauguração da nova estrutura ocorre em 1° de outubro de 2019.

A série Retratos da Obra, que a Floripa Airport inicia hoje em seus canais de mídias sociais, é uma homenagem e um reconhecimento a estes fortes trabalhadores. Até setembro, a cada 15 dias, publicaremos fotos e um breve perfil de alguns desses brasileiros, representantes de funções chave da construção.

Aqui, no site da Floripa Airport, vamos ampliar a série, com ensaios fotográficos de cada um dos entrevistados:
 

Necival dos Santos, 32 anos, operador de betoneira

De Aracaju (Sergipe), pai de seis filhos (o mais novo com 9 meses e o mais velho com 16 anos), Necival dos Santos, 32 anos, já rodou o Brasil vendendo livros, “na época que não tinha internet e as pessoas gostavam de ter livros grandes, como dicionários e enciclopédias”.

A demanda cessou e com ela, o emprego de Necival. A construção civil foi a alternativa. Em Santa Catarina há 4 meses, ele trabalha virando cimento na betoneira e fazendo o contrapiso do novo terminal. Mora em São José (Grande Florianópolis) e estranha um pouco o clima do Sul do Brasil:

“Nunca é igual. Esquenta, esfria, venta, chove. Muda bastante o tempo durante o dia. Isso é bem diferente”, comenta.

Sua grande paixão? Futebol. O time do coração é o Confiança, de Sergipe, mas por aqui já foi a Ressacada ver o Avaí ganhar do Tubarão por 3 a 1. Funcionário da T.A. Empreiteira, quando terminar o serviço do novo terminal, deve seguir para Goiânia e encarar uma nova obra.  

Eraldo Reis, 28 anos, montador

Nosso trabalhador de hoje é Eraldo Reis, 28 anos, que instalou boa parte do que é um desejo antigo para o Aeroporto Internacional de Florianópolis. Ele faz parte da equipe que instala as estruturas de steel frame que compõem os 10 fingers do novo terminal (o atual terminal de Florianópolis não tem ponte de embarque).

“Eu trabalhei no Aeroporto de Confins, de Guarulhos e agora em Floripa. A gente se dá conta da importância do nosso trabalho, quando volta ao lugar. Recentemente, estive em Guarulhos, fiquei parado olhando aquele mundo de gente caminhando por ali e pensei: nossa, eu construí isso aqui. Essa sensação é muito legal”, comenta.

Eraldo está temporariamente morando no Campeche, como boa parte dos trabalhadores da obra. Faz parte de um dos muitos times de futebol dos funcionários e seu time do coração é o Flamengo - outra unanimidade entre os trabalhadores.

Diciano, 34 anos, técnico em segurança do trabalho

O lugar dele é o palco. O palco montado no primeiro piso do novo terminal, onde - religiosamente - às quartas-feiras pela manhã, ele sobe e fala para todos os funcionários da obra sobre cuidados e prevenção. Diciano Medeiros tem 34 anos e é 1 dos 24 técnicos em segurança do trabalho da obra do novo terminal de passageiros

Funcionário da Racional, construtora responsável pela obra, chegou a Florianópolis em novembro, vindo de Guararema no interior de São Paulo.

“Talvez eles me chamem de o chato da obra. Não me importa. De verdade, gosto de cuidar da integridade e da saúde das pessoas”.

João Arruda, 43 anos, marmorista

Quando você andar pelo novo terminal, pisará em grandes placas de granito - boa parte delas colocadas por João Arruda, 43 anos.

De Livramento, na Paraíba, João mora em São Paulo há 25 anos e é funcionário da empresa fornecedora do piso do novo terminal. Acostumado a viajar a trabalho, também foi um dos marmoristas da Arena do Grêmio, no Rio Grande do Sul. Como a maioria dos colegas da obra, é apaixonado por futebol e torcedor do Flamengo.

“Estamos organizando o churrasco do bico seco. Vamos jogar uma partida, e o time que perder não vai poder beber no churrasco” comenta.

Solteiro e pai de duas filhas, uma de 16 anos e outra de 2 anos, João gosta de dançar um bom forró, mas em Florianópolis ainda não teve oportunidade de sair para se divertir.

“A cidade é show de bola. A praia do Campeche é linda demais” conta.

Marcos Aurélio Nascimento Silva, 30 anos, montador de vidro

Marcos Aurélio Nascimento Silva é do time de montadores de vidro. A equipe chega a colocar 60 peças por dia.

Os vidros serão um diferencial no novo terminal, compondo a fachada e garantindo uma vista privilegiada do entorno. Com um sorrisão no rosto e muito bom humor, Marcos é do Piauí, mas mora em São Paulo há 19 anos. É apaixonado por cinema, e Pantera Negra é um dos filmes recentes que mais gostou de ver. Outra paixão é a música: sertanejo, rap e samba é sempre o som no fone de ouvido.

 Em Florianópolis de passagem, ele hospeda-se no Ribeirão da Ilha.

“Quero voltar para caminhar pelo terminal que ajudei a construir” comenta.

Ramon Lopes, 36 anos, engenheiro de produção

Ramon Lopes, 36 anos, é um dos engenheiros de produção da construção.

Na sua rotina, cuida do planejamento, controle e melhorias do projeto da obra. Já participou de grandes obras pelo Brasil afora, como por exemplo a hidrelétrica de Belo Monte. Em Florianópolis desde agosto de 2018, a cidade é uma descoberta pra ele:

“Nunca tinha vindo aqui. Nem sabia que era uma ilha. Mas a cidade é muito bonita, e a sensação de segurança é algo especial” comenta.

Sidnei Gomes, 38 anos, encarregado de obra

As estruturas metálicas, com 3,7 mil toneladas de peso no total, são uma característica marcante do novo terminal. Pessoas como o Sidnei Gomes, 38 anos, natural de Francisco Beltrão (Paraná) são os responsáveis por colocar de pé essas peças gigantes, que são encaixadas uma a uma como um grande Lego. Encarregado do setor, Sidnei chegou a gerenciar o trabalho de 90 pessoas. 

“Quando chegamos aqui, esse terreno era branquinho, nao tinha nada. Então, de certa forma, dependeu da gente e do nosso trabalho!. Nós ouvimos falar que o novo aeroporto é imprescindível para a cidade. Sinto-me orgulhoso de fazer parte disso tudo”. 

Apaixonado por trilhas, Sidnei encontrou um “paraíso” em Floripa. O dia-a-dia na obra, andando de um lado para o outro, garantiu a ele uma melhora no preparo físico. Assim, recentemente encarou o Morro do Lampião e se encantou com a vista. 

Paulo Agenor da Costa, 64 anos, ajudante de geral

Manezinho da Tapera, Paulo Agenor da Costa, 64 anos, conhece bem a história da construção do novo aeroporto. Um sonho antigo da cidade, colado ao bairro que ele cresceu. Agora Paulo faz parte da construção. É um dos ajudantes gerais da obra. Começou a trabalhar há 6 meses no local. 

“O terminal vai ser muito grande. Será muito bom para a cidade e vai integrar o nosso bairro ao restante da cidade”, comenta.

Como bom manezinho, tem seu barco próprio. E nos fins de semana, o prazer é sair para pescar, geralmente na Armação e Pântano do Sul.

Ilson Vieira, 36 anos, operador de escavadeiras

Os amigos brincam que ele é o melhor operador de máquinas de terraplanagem da obra, primeira atividade da obra - iniciada em 15 de janeiro de 2018. Ilson Vieira, 36 anos, tem paixão por essas máquinas.

Quando era menino, no colégio, costumava desenhar as escavadeiras. A experiência com a função já soma 14 anos, e o ofício foi ensinado pelo pai. Natural de Lages, Ilson mora em Florianópolis desde criança. E tem uma história curiosa com a obra: trabalhou na terraplanagem do novo terminal entre 2012 e 2015, quando a Infraero iniciou a construção do novo terminal.

“Agora é o outro ritmo. O desenvolvimento da obra agora é bem mais rápido”, comenta 

Casado, pai, torcedor do Corinthians e fã da Barra da Lagoa, Ilson é um dos 130 operadores de máquina da obra do novo terminal.

Baia, 52 anos, Cozinheiro

Não tem quem não conheça Baía na obra e, especialmente, o feijãozinho do Baía. Lindomar Barreto de Souza, 52 anos, é de Ibipeba, na Bahia, e dono de uma simpatia incomum que faz todo mundo gostar dele:

“Eu trato todo mundo igual. Não importa se é um operário ou um diretor” comenta.

Dono de uma cozinha industrial, ele é quem serve os 1,2 mil almoços diários, que alimentam todos os trabalhadores da obra. O tempero caseiro e delicioso é da esposa Dalila, que começa a cozinhar às 3h, com a preparação do café da manhã dos trabalhadores.

A família chegou em Floripa em fevereiro e “enquanto tiver uma única marmita para servir”, eles seguem por aqui.

Sérgio dos Santos Silva, 29 anos, soldador

De Codó, no Maranhão, Sérgio dos Santos Silva, 29 anos, é soldador. Há 8 meses em Florianópolis, ele mora no Campeche. A namorada está em Brasília, onde trabalha como cozinheira. No total, 34 soldadores estiveram ou estão envolvidos na obra, realizando a soldagem de tubulações (água gelada, água de reuso, incêndio) e de algumas estruturas metálicas.

“Sentimos saudade. Mas a gente precisa trabalhar, não é mesmo? A gente se vê a cada 3 meses e nos falamos pelo celular todos os dias”, comenta.

Sobre Florianópolis, Sérgio diz que Florianópolis é muito limpa e organizada e sente-se orgulhoso de fazer parte de uma construção tão importante para a cidade.

Isidio Vieira de Souza, 48 anos, mestre da obra

Difícil conseguir conversar com ele por mais de 5 minutos, sem o celular tocar ou alguém chegar para pedir informação. Isidio Vieira de Souza, 48 anos, é o famoso Mestre Isidio, o mestre da obra. Tudo que acontece na construção dentro do terminal passa por ele.

De Santa Cruz dos Milagres, no Piauí, Isidio começou a trabalhar como ajudante de obras. Tornou-se mestre aos 33 anos. Participou de grandes obras, como a ampliação do aeroporto de Confins, construção de barragens e de siderúrgica.

“Tudo isso aqui não é nosso. Não é eu fazendo pra mim, na minha casa. Então, precisa ser feito com o maior zelo possível.”

Em Florianópolis desde abril do ano passado, Mestre Isidio trouxe a esposa e os filhos. A família mora no Campeche, e o Isidio está, especialmente, encantado com a segurança da cidade - “com as casas sem grades.”

A paixão nas horas vagas é o violão. Zé Ramalho, música sertaneja e MPB são seus estilos preferidos.

Luciano Marcos, 37 anos, pedreiro

“Rapaz, é longe, viu! Não chegava nunca”. É assim, brincando com a distância entre o Sul e o Nordeste do Brasil, que o pedreiro Luciano Marcos se refere a Florianópolis, lembrando da viagem de ônibus entre Maceió (Alagoas) e a capital catarinense. Ele saiu de sua cidade natal na sexta-feira e chegou em Florianópolis na segunda-feira. Apesar da distância, Luciano está adorando a passagem por Floripa:

“Cidade linda, com muitas praias”.

Diferentemente da maioria das obras, os pedreiros não são muitos na obra do novo terminal. Isso porque a construção utiliza fechamentos do tipo drywall e placas cimentícias, o que reduz o número de pedreiros de alvenaria convencional. No total 93 pedreiros participaram ou ainda participam da obra, envolvidos no assentamento de tijolos nos sanitários, na concretagem dos pátios e estruturas de concreto

Como ele, boa parte dos trabalhadores da obra está em Floripa de passagem, vindos pelas empresas que atuam na obra.

Jasmine Reis, 30 anos, engenheira civil

Ela é doce, linda, elegante e a poderosa mulher da construção do novo aeroporto.

A engenheira civil Jasmine Reis, 30 anos, é a “dona” do projeto do Boulevard 14/32, a grande praça de lazer, entretenimento e compras erguida em frente ao novo terminal. ✈

Manezinha do Centro, Jasmine estudou na UFSC e é aficionada pelo trabalho. Quando não está no aeroporto, está lendo sobre materiais, acabamentos, mobiliários, projetos e construções. 

“Com certeza, este é o trabalho mais desafiador da minha vida. É muito especial fazer parte de uma obra desta magnitude para a minha cidade. O que eu posso garantir é que tudo foi pensado em cada detalhe para que as pessoas se sintam orgulhosas do novo aeroporto e do Boulevard 14/32”.

As fotos são de Ricardo Wolffenbüttel e Felipe Carneiro. Perfis, Cris Vieira.